Após a madrugada de confrontos entre policiais e traficantes na Cidade de Deus, moradores da comunidade amanheceram no domingo procurando familiares desaparecidos. Os números eram desencontrados, mas a tristeza e a revolta estavam estampadas em todos os rostos.
O pastor Leonardo Martins da Silva, de 45 anos, descobriu logo cedo que o filho, Leonardo Junior, de 22, estava entre as vítimas.
"Minha revolta não é pela morte, porque eu sei que ele fazia uma coisa errada e por isso estava sujeito a morrer. É pela forma como aconteceu: atiraram pelas costas, quando ele já tinha se rendido. Isso está errado, e agora não deixam nem o rabecão entrar para recolher os corpos. Eu pago impostos, sou cidadão, tenho direito pelo menos que meu filho seja recolhido de forma decente", afirmou à reportagem, enquanto mostrava a carteira de trabalho do filho, recém-confeccionada e sem nenhum registro. "Ele queria mudar, eu pedia isso, mas não deu tempo."
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